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domingo, 10 de abril de 2011

MECANISMOS DE DEFESA DO EGO

Os principais Mecanismos de Defesa psicológicos descritos são: repressão, negação, racionalização, formação reativa, isolamento, projeção, regressão e sublimação (Anna Freud, 1936; Fenichel, 1945). Todos estes mecanismos podem ser encontrados em indivíduos saudáveis, e sua presença excessiva é, via de regra, indicação de possíveis sintomas neuróticos. Freud não pretendeu que suas observações sobre Mecanismo de Defesa fossem inteiramente originais. Ele citava outras observações sobre o tema.
Mecanismos inconscientes pelos quais o Ego se dissocia de impulsos ou afetos sentidos como perigosos para a integridade do organismo

Repressão /Recalque

A essência da Repressão consiste em afastar uma determinada coisa do consciente, mantendo-a à distância (no inconsciente) (1915, livro 11, p. 60 na ed. bras.). A repressão afasta da consciência um evento, idéia ou percepção potencialmente provocadoras de ansiedade e impede, dessa forma, qualquer "manipulação" possível desse material. Entretanto, o material reprimido continua fazendo parte da psique, apesar de inconsciente, e que continua causando problemas.
Segundo Freud, a repressão nunca é realizada de uma vez por todas e definitivamente, mas exige um continuado consumo de energia para se manter o material reprimido. Para ele os sintomas histéricos com freqüência têm sua origem em alguma antiga repressão. Algumas doenças psicossomáticas, tais como asma, artrite e úlcera, também poderiam estar relacionadas com a repressão. Também é possível que o cansaço excessivo, as fobias e a impotência ou a frigidez derivem de sentimentos reprimidos.
Finalmente, A rejeição/recalque é rejeitar uma motivação, emoção ou idéia, penosa ou perigosa, tendendo a dissociar-se delas.

Negação
Negação é a tentativa de não aceitar na consciência algum fato que perturba o Ego. Os adultos têm a tendência de fantasiar que certos acontecimentos não são, de fato, do jeito que são, ou que na verdade nunca aconteceram. Este vôo de fantasia pode tomar várias formas, algumas das quais parecem absurdas ao observador objetivo. A seguinte estória é uma ilustração da negação:
Uma mulher foi levada à Corte a pedido de seu vizinho. Esse vizinho acusava a mulher de ter pego e danificado um vaso valioso. Quando chegou a hora da mulher se defender, sua defesa foi tripla: "Em primeiro lugar, nunca tomei o vaso emprestado. Em segundo lugar, estava lascado quando eu o peguei. Finalmente, Sua Excelência, eu o devolvi em perfeito estado".
A notável capacidade de lembrar-se incorretamente de fatos é a forma de negação encontrada com maior freqüência na prática psicoterápica. O paciente recorda-se de um acontecimento de forma vívida, depois, mais tarde, pode lembrar-se do incidente de maneira diferente e, de súbito, dar-se conta de que a primeira versão era uma construção defensiva.

Para exemplificar a Negação, Freud citou Darwin, que em sua autobiografia dizia obedecer a uma regra de ouro: sempre que eu deparava com um fato publicado, uma nova observação ou pensamento, que se opunha aos meus resultados gerais, eu imediatamente anotava isso sem errar, porque a experiência me ensinou que tais fatos e pensamentos fogem da memória com muito maior facilidade que os fatos que nos são totalmente favoráveis.
Racionalização
Racionalização é o processo de achar motivos lógicos e racionais aceitáveis para pensamentos e ações inaceitáveis. É o processo através do qual uma pessoa apresenta uma explicação que é logicamente consistente ou eticamente aceitável para uma atitude, ação, idéia ou sentimento que causa angústia. Usa-se a Racionalização para justificar comportamentos quando, na realidade, as razões para esses atos não são recomendáveis.
A afirmação cotidiana de que "eu só estou fazendo isto para seu próprio bem" pode ser a Racionalização do sentimento ou pensamento de que "eu quero fazer isto para você, eu não quero que me façam isto ou até mesmo, eu quero que você sofra um pouco". Também pode ser Racionalização a afirmação de que "eu acho que estou apaixonado por você". Na realidade poderia estar sentido que "estou ligado no teu corpo, quero que você se ligue no meu".
Racionalização é um modo de aceitar a pressão do Superego, de disfarçar verdadeiros motivos, de tornar o inaceitável mais aceitável. Enquanto obstáculo ao crescimento, a Racionalização impede a pessoa de aceitar e de trabalhar com as forças motivadoras genuínas, apesar de menos recomendáveis.
Na racionalização, aquilo que não se obtém, é desprezado evitando a frustração. Justificação consciente de uma conduta proveniente, de fato, de outras motivações, geralmente inconscientes;
Formação Reativa
Esse mecanismo substitui comportamentos e sentimentos que são diametralmente opostos ao desejo real. Trata-se de uma inversão clara e, em geral, inconsciente do verdadeiro desejo. Como outros mecanismos de defesa, as formações reativas são desenvolvidas, em primeiro lugar, na infância. As crianças, assim como incontáveis adultos, tornam-se conscientes da excitação sexual que não pode ser satisfeita, evocam conseqüentemente forças psíquicas opostas a fim de suprimirem efetivamente este desprazer. Para essa supressão elas costumam construir barreiras mentais contrárias ao verdadeiro sentimento sexual, como por exemplo, a repugnância, a vergonha e a moralidade. Não só a idéia original é reprimida, mas qualquer vergonha ou auto-reprovação que poderiam surgir ao admitir tais pensamentos em si próprios também são excluídas da consciência.
Infelizmente, os efeitos colaterais da Formação Reativa podem prejudicar os relacionamentos sociais. As principais características reveladoras de Formação Reativa são seu excesso, sua rigidez e sua extravagância. O impulso, sendo negado, tem que ser cada vez mais ocultado.
Através da Formação Reativa, alguns pais são incapazes de admitir um certo ressentimento em relação aos filhos, acabam interferindo exageradamente em suas vidas, sob o pretexto de estarem preocupados com seu bem-estar e segurança. Nesses casos a superproteção é, na verdade, uma forma de punição. O esposo pleno de raiva contra sua esposa pode manifestar sua Formação Reativa tratando-a com formalidade exagerada: "não é querida..." A Formação Reativa oculta partes da personalidade e restringe a capacidade de uma pessoa responder a eventos e, dessa forma, a personalidade pode tornar-se relativamente inflexível.
A formação reativa é o fenômeno pelo qual um pai muito rude com a filha utiliza-se desse mecanismo para se livrar de uma relação incestuosa com a filha.

Projeção
O ato de atribuir a uma outra pessoa, animal ou objeto as qualidades, sentimentos ou intenções que se originam em si próprio, é denominado projeção. É um mecanismo de defesa através do qual os aspectos da personalidade de um indivíduo são deslocados de dentro deste para o meio externo. A ameaça é tratada como se fosse uma força externa. A pessoa com Projeção pode, então, lidar com sentimentos reais, mas sem admitir ou estar consciente do fato de que a idéia ou comportamento temido é dela mesma.
Alguém que afirma textualmente que "todos nós somos algo desonestos" está, na realidade, tentando projetar nos demais suas próprias características. Ou então, dizer que "todos os homens e mulheres querem apenas uma coisa, sexo", pode refletir uma Projeção nos demais de estar pessoalmente pensando muito a respeito de sexo. Outras vezes dizemos que "inexplicavelmente Fulano não gosta de mim", quando na realidade sou eu quem não gosta do Fulano gratuitamente.
Sempre que caracterizamos algo de fora de nós como sendo mau, perigoso, pervertido, imoral e assim por diante, sem reconhecermos que essas características podem também ser verdadeiras para nós, é provável que estejamos projetando.
Pesquisas relativas à dinâmica do preconceito mostraram que as pessoas que tendem a estereotipar outras também revelam pouca percepção de seus próprios sentimentos. As pessoas que negam ter um determinado traço específico de personalidade são sempre mais críticas em relação a este traço quando o vêem nos outros.
Na projeção são deslocadas qualidades que o indivíduo queria para si, para outrem. Como um pai louvando a maravilha de filho que tem. O indivíduo percebe no mundo exterior e, em particular, em outra pessoa, as características que lhe são próprias;

Regressão
Regressão é um retorno a um nível de desenvolvimento anterior ou a um modo de expressão mais simples ou mais infantil. É um modo de aliviar a ansiedade escapando do pensamento realístico para comportamentos que, em anos anteriores, reduziram a ansiedade. Linus, nas estórias em quadrinhos de Charley Brown, sempre volta a um espaço psicológico seguro quando está sob tensão. Ele se sente seguro quando agarra seu cobertor, tal como faria ou fazia quando bebê.
A regressão é um modo de defesa bastante primitivo e, embora reduza a tensão, freqüentemente deixa sem solução a fonte de ansiedade original.
Finalmente, na regressão as pessoas, geralmente em estados patológicos, assumem comportamentos infantís na busca de afeto.Defesa contra uma frustração pelo retorno a uma modalidade de comportamento e de satisfação anterior;

Sublimação
A energia associada a impulsos e instintos socialmente e pessoalmente constrangedores é, na impossibilidade de realização destes, canalizada para atividades socialmente meritosas e reconhecidas. A frustração de um relacionamento afetivo e sexual mal resolvido, por exemplo, é sublimado na paixão pela leitura ou pela arte.
Finalmente, a sublimação permite que alguém que possui muita agressividade, mesmo sádico, se engrandeça pela prática de atos socialmente elogiados, tipo o médico cirurgião. Derivação de instintos e tendências egoístas e materiais para objetivos altruístas e espirituais;
Deslocamento
É o mecanismo psicológico de defesa onde a pessoa substitui a finalidade inicial de uma pulsão por outra diferente e socialmente mais aceita. Durante uma discussão, por exemplo, a pessoa tem um forte impulso em socar o outro, entretanto, acaba deslocando tal impuso para um copo, o qual atira ao chão.
Na introjeção, características de alguém que se admira, são incorporadas pelo indivíduo, como o jovem que veste roupas de um ator para se parecer com ele. Incorporação imaginária de um objeto ou de uma pessoa, amada ou odiada, ao ego ou ao superego do indivíduo.

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